IGREJA – Quando a política entra por uma porta, a fé sai pela outra?
Por: Josi Gonçalves
Para alguns líderes evangélicos, tal qual Sebastianismo ou Messianismo, o salvador mudou de figura e atende pelo nome Jair Messias Bolsonaro.
Em um vídeo divulgado no Twitter do pastor Silas Malafaia, líder da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, o religioso aparece ao lado de outras lideranças evangélicas convocando os fiéis para um ato pró-Bolsonaro que vai acontecer no feriado da Independência na Avenida Paulista.
O mega-chamado, como sugere a legenda, expõe nos primeiros segundos de abertura a imagem de pessoas carregando uma faixa onde se lê: o esquerdismo é a escória da humanidade.
Em seguida, pastores, lideranças religiosas e políticas convidam os cristãos a irem às ruas no dia sete de setembro para defender a “democracia, a constituição e a liberdade de expressão”.
Política e fé
Foi inevitável lembrar dos meus tempos de igreja evangélica onde, na minha inocência pueril, cria piamente que Jesus era o foco e centro de tudo e que os pastores não se envolviam com política. O convite às pessoas era para seguir a Cristo e seus ensinamentos: amor, caridade, tolerância.
Mas, agora, ao que parece, para os líderes evangélicos, tal qual Sebastianismo ou Messianismo, o salvador mudou de figura e atende pelo nome Jair Messias Bolsonaro.
Afinal, foi com a benção de Bolsonaro que o Congresso votou pelo “perdão” de dívidas tributárias das igrejas, quase R$ 1 bilhão. Faz sentido ou não?
Numa rápida pesquisa no Google se acha, no entendimento bíblico, que “igreja, do latim ecclesia, é um templo cristão, é o local da pregação dos ensinamentos de Cristo, obedecendo os princípios da ética cristã. Igreja é o conjunto de fiéis unidos pela mesma fé”.
Sempre me foi dito que o liame que une os cristãos é a fé em Deus, mesmo em tempos nublados, em tempos difíceis, em tempos de pandemia, quando a morte ronda traiçoeira o umbral das nossas portas e a despensa fica sem comida.
Como disse uma amiga minha, que me inspirou a escrever esse texto, “A fé é a única coisa que te faz ficar de pé, mesmo em tempos de fome. A fé em um Deus misericordioso te faz aceitar um filho com fome”.
Jesus, líder cristão, disse: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei”. É pra esse colo e abrigo que se corre quando o mundo desmorona.
Bolsonaro, presidente da República, se diz seguidor de Cristo, mas foi desumano e cruel por diversas vezes ao dizer aos brasileiros que enfrentavam o medo, a solidão e as perdas causadas pela Covid-19 que não era coveiro, que era preciso parar de “frescura” e “mimimi”, e perguntou até quando as pessoas “vão ficar chorando”.
A época, os pastores se calaram. Mas agora pedem ao povo de Deus que vá às ruas mostrar apoio ao presidente.
Talvez sejam mesmo fiéis seguidores dos mandamentos do Cristo e eu aqui esteja fazendo mau juízo.
Afinal, Jesus disse que “Se alguém bater em você numa face, ofereça-lhe também a outra. Se alguém tirar de você a capa, não o impeça de tirar a túnica”.
Sabe-se lá se essa não é a lição que os reverendos querem que as ovelhas aprendam?!