BACUPARI – Fruta pode ter incentivo para produção comercial em Vilhena
Apesar de possuir grande potencial de mercado, a fruta tem produção ínfima por ser praticamente desconhecida na região
Maria R. Gabriela
Duas frutas deliciosas estão em plena produção nesta época do ano. Estamos falando da manga e do bacupari. A primeira tem grande produção em todo o Brasil, com diversas espécies, sendo muito conhecida e, portanto, dispensando maiores apresentações. Já o bacupari vive outra realidade: é desconhecido de boa parte da população e existe em bem menos abundância no solo nacional.
Na verdade, são poucos os bacuparizeiros plantados no País, a maioria sem grandes pretensões econômicas. Em Vilhena, por exemplo, a produção é inexpressiva e, quando encontrados em alguma propriedade, são poucos pés, destinados ao consumo próprio. Raramente, o bacupari é vendido nas feiras locais.
Já em outras regiões brasileiras, onde a fruta chega a ser comercializada, o quilo varia de R$ 25 a R$ 60 no mercado. Pela internet também não é possível comprar bacuparis, apenas mudas que, com frete, custam a partir de R$ 30, geralmente com tamanho de dez centímetros.
“É uma fruta refrescante, cheia de benefícios e de sabor incomparável que poderia, facilmente, ser explorada de forma comercial. Porém, talvez até por desconhecimento sobre sua existência, produção ou rentabilidade, quem planta aqui em Vilhena são pessoas que a experimentaram e querem ter uma produção para consumo próprio”, afirma o pecuarista Vitório Abrão (70), que introduziu a cultura em sua chácara no ano de 2010.
“Cheguei a vender cerca de mil mudas para moradores de todo o Cone Sul, que estão produzindo a fruta apenas para suas famílias. Atualmente, eu tenho várias árvores já produzindo e mais quatro que vão começar a dar frutos no ano que vem. Por enquanto, as colheitas também são para consumo familiar. A partir de 2023, como o volume vai aumentar, eu estou inclinado a começar uma produção em escala comercial”, adianta Abrão, que provavelmente é o maior produtor de bacuparis do município.
“No momento, disponho de poucas mudas, mas tenho capacidade de formar uma quantidade suficiente para venda, pois possuo sementes. Se o plantio fosse feito por mais produtores rurais, Vilhena poderia até mesmo exportar a fruta, uma vez que ela tem uma casca resistente que ajuda a preservar a durabilidade do fruto. Além disso, temos solo e clima favoráveis ao cultivo, que não requer muita atenção, nem uso de adubo ou agrotóxicos”, acrescenta Abrão.
Ele diz, no entanto, que para acelerar a produção, o plantio pode ser adubado. “Isso possibilita a primeira colheita em apenas três anos. Depois disso, a safra é anual e uma única árvore pode render cerca de meia tonelada da fruta”.
Outro que tem bacuparizeiro em casa é o chacareiro Pedro Damacine (75). Há cerca de cinco anos, ele plantou duas mudas em sua propriedade, no setor Pioneiro, apenas para consumo próprio. “Essa fruta é gostosa demais. Quem vem aqui e a conhece volta sempre para me pedir mais”, conta.
Ele observa que, “comecei na minha chácara com um pé e depois plantei mais um para atender aos amigos. Jamais pensei em produzir para vender porque é difícil começar um negócio como este sozinho”, afirma, complementando que, “quando está na hora de colher, vem amigos de longe buscar os bacuparis. Só quem come essa fruta, sabe o quanto ela é gotosa e sem comparação. Como exemplo, há poucos dias, veio uma mulher, provou o bacupari e me pediu uma muda para plantar no sítio dela”.
A mulher em questão é a empresária Neli Oliveira (47). “Experimentei, achei uma delícia e não perdi tempo para conseguir minha produção. Seu Pedro me deu as quatro mudas que tinha em seu quintal e vou plantá-las na área da pousada que tenho em Pimenteira do Oeste”, adianta Neli.
O deputado estadual Luizinho Goebel (PV) é outro amante do bacupari. Há aproximadamente dois anos, ele experimentou a fruta colhida por Vitório Abrão. “Desde então fico no aguardo das safras, pois sempre ganho bacuparis dele e, tanto eu quanto minha família, gostamos muito”.
Luizinho salienta que, “no mês passado recebi as frutas em Porto Velho, guardei as sementes e ontem passei o dia plantando-as no meu sítio. Espero, em três anos, ter a minha própria produção de bacupari”.
Em contato com viveiros da cidade, a reportagem foi informada que não há mudas de bacupari para venda. Um detalhe interessante sobre a planta é que ela esconde os frutos da visão humana.
INCENTIVO
Procurado pela reportagem de Século para falar sobre o assunto, o secretário de Agricultura de Vilhena, Geovane da Veiga, disse que a produção de bacupari no município é realmente inexpressiva, mas que a fruta apresenta alta viabilidade produtiva e de comercialização, motivos pelos quais a pasta iria desenvolver estudos sobre a possibilidade de ações públicas para incentivar o plantio de bacupari.
“Tudo leva a crer que essa fruta é uma boa aposta para nossa economia rural e vamos pesquisar, de forma mais apurada, o seu custo-benefício para trazer propostas para a nossa região. O papel da Semagri é apoiar o produtor e vemos nessa cultura uma boa alternativa de renda para o campo”, declarou Veiga.
MEDICINA
Muito além do consumo in natura, o bacupari ainda pode ser transformado em geleias, sucos, compotas, vitaminas, chá e óleo de uso medicinal, entre outros.
Rico em vitaminas, principalmente do tipo C, a fruta é antioxidante natural, e surge no cenário atual como grande aliada no combate a cânceres, sendo pesquisada por cientistas para essa finalidade e para aplicação em produtos dentários.
EXTINÇÃO
Por ser nativo, o bacuparizeiro já teve forte presença em terras brasileiras, mas acabou sendo uma das tantas vítimas da destruição da Mata Atlântica. Onde ainda persevera, no interior das florestas, os pés podem atingir até vinte metros de altura. Já a pleno sol ou à luz solar filtrada por outras árvores, seu tamanho fica torno de quatro a seis metros.
CULTIVO
Em Rondônia, a safra de bacupari começa em outubro e chega ao fim em meados de janeiro. A árvore é de fácil adaptação aos mais variados tipos de solo e clima, podendo ser cultivada em todo o território brasileiro. Desenvolve-se melhor sob temperaturas medias de 12 a 28 graus, embora seja resistente a quedas bruscas de temperatura de até -3 graus no Sul e indiferente a máximas de 43 graus quando cultivada no Nordeste e na Amazônia.
Entre outros, o bacupari tem como sinônimos bacopari, bacuri-mirim, bacoparé, bacopari-miúdo, bacuri-miúdo e escropari.
Fotos: Revista Século/internet
*Reeditada em 09/01/2022.
Boa tarde, gostaria de saber como faço para comprar a fruta bacupari. Pois tenho desejo desde que tive meus filhos de comer e nunca achei.