Todos os homens de Bolsonaro em Rondônia

Todos os homens de Bolsonaro em Rondônia


A disputa pelo futuro da direita no estado e os desafios do bolsonarismo diante da inelegibilidade do ex-presidente; prisão de Braga Netto e o pano de fundo sobre a anistia e o 8 de Janeiro

Porto Velho, RO – 
O grupo político de Jair Bolsonaro (PL) enfrenta um dilema em Rondônia. Enquanto o ex-presidente segue inelegível até 2030 e agora denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, seus aliados no estado tentam equilibrar a fidelidade ao ex-mandatário com a necessidade de ampliar o eleitorado.

O desafio se impõe especialmente para aqueles que buscarão reeleição ou novos cargos em 2026.

O cenário se agrava com o desgaste de figuras emblemáticas do movimento. O general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de 2022, está preso há quase três meses.

Bolsonaro, além da inelegibilidade, encara uma acusação formal que pode ter desdobramentos ainda mais severos. Paralelamente, a base conservadora promove uma campanha de anistia para os condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023.

Rondônia tem um papel central nessa narrativa.

O caso que se tornou símbolo da tentativa de flexibilizar as penas impostas é o de Ezequiel Ferreira Luis, morador de Ji-Paraná, condenado a 14 anos de prisão e atualmente foragido. Bolsonaro se apropriou do caso, chamando os filhos de Ezequiel de “órfãos de pais vivos”, transformando o episódio em bandeira política para reacender sua base mais fiel.

Na política rondoniense, a direita segue dominante, mas enfrenta nuances. Em 2026, políticos alinhados ao conservadorismo precisarão disputar espaço com figuras que adotam uma postura mais pragmática, como o deputado federal Lúcio Mosquini (MDB). Apesar de ter apoiado o governo anterior, ele evita radicalismos e tem pautado seu mandato na defesa do agronegócio e na busca por resultados concretos.

Do outro lado, Coronel Chrisóstomo (PL) adota um caminho oposto. Seu foco quase exclusivo em ataques ao governo Lula (PT) e à esquerda o coloca como representante de um discurso mais inflamado, que conversa bem com nichos ideológicos, mas pode ter dificuldades para ampliar seu alcance eleitoral.

Outro nome de peso no PL é Jaime Bagattoli, senador com mandato garantido até 2030. Seu perfil empresarial e alinhamento à ala mais dura do conservadorismo fazem dele um potencial fiador para candidaturas no estado. No entanto, sem precisar disputar a próxima eleição, seu papel será de articulador nos bastidores.

Já Marcos Rogério (PL) encara um desafio maior. Depois de perder para Coronel Marcos Rocha (União Brasil) na disputa pelo governo em 2022, ele precisará decidir qual caminho seguir. A disputa pelo Senado pode ficar mais apertada caso Bruno Scheid, pecuarista de Ji-Paraná e assessor pessoal de Bolsonaro, entre no jogo.

O ex-presidente já declarou que deseja levar alguém da cidade ao Senado, e Scheid aparece como principal aposta. Se isso se confirmar, Rogério terá de buscar outra alternativa – e a candidatura ao governo estadual pode ser a saída mais viável.

O atual vice-governador, Sérgio Gonçalves, desponta como sucessor natural de Rocha, dentro de uma proposta mais administrativa e menos ideológica. A tendência de crescimento da direita moderada pode transformar a disputa em um embate entre eficiência gerencial e discurso puramente político.

O grupo de Bolsonaro enfrenta um momento de inflexão. A inelegibilidade do ex-presidente, a prisão de Braga Netto e a rejeição crescente às manifestações mais radicais impõem desafios para seus aliados. Em Rondônia, aqueles que insistirem exclusivamente na cartilha ideológica podem encontrar dificuldades para conquistar eleitores fora do núcleo mais fiel.

A moderação tem se mostrado um caminho mais seguro para a direita que deseja se manter no poder. Marcos Rocha, reeleito em 2022 sem recorrer a um tom agressivo, é um exemplo disso. Lúcio Mosquini também demonstra que resultados concretos podem garantir apoio popular sem necessidade de confrontos constantes com adversários.

Se insistirem em se posicionar apenas como representantes de um único grupo político, poderão se ver encurralados em um nicho cada vez mais restrito. O clima de confronto permanente já ficou no passado.

O desafio agora é conquistar eleitores que buscam governabilidade e soluções concretas, não apenas discursos inflados de retórica.

Fonte: Rondônia Dinâmica

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