Embrapa contribui com iniciativa para reduzir impactos da seca no Corredor Seco da América Central

Embrapa contribui com iniciativa para reduzir impactos da seca no Corredor Seco da América Central

A Embrapa, por meio de sua Assessoria de Relações Internacionais (Arin) e da Embrapa Solos, Embrapa Semiárido e Embrapa Agricultura Digital, participou da reunião do comitê de apoio ao projeto sub-regional “Inovação para a redução de riscos agroambientais nos países do Corredor Seco da América Central: Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) e Gestão de Recursos Hídricos”, em Tegucigalpa, Honduras, no mês passado.

O projeto, que teve início em dezembro de 2023, é executado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura ( FAO ), com apoio financeiro da Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores ( ABC/MRE ), em conjunto com ministérios da agricultura da Guatemala, El Salvador, Honduras e Brasil, além do Ministério do Meio Ambiente e Recursos Naturais guatemalteco. O objetivo principal é promover a troca de informações sobre convivência com a seca entre especialistas e gestores brasileiros e dos países que integram o Corredor Seco Centro-Americano, debatendo alternativas para reduzir o impacto da seca e aumentar a resiliência e a adaptação às mudanças climáticas na região .

Representando a Embrapa Solos, Gustavo de Mattos Vasques ministrou a palestra “Barragem subterrânea aplicada ao Corredor Seco Centro-Americano”, mostrando e debatendo a importância dessa tecnologia social no redesenho de agroecossistemas de base familiar dos territórios rurais do Semiárido brasileiro. O pesquisador explicou que a barragem subterrânea é uma tecnologia social de captação e estocagem de água da chuva para usos múltiplos que vem fortalecendo a soberania e a segurança alimentar e nutricional das famílias agricultoras do Semiárido, com potencial significativo para ser implantada nos países do Corredor Seco da América Central, desde que tenham áreas que apresentem condições geoambientais para a sua construção.

“A barragem subterrânea é uma alternativa tecnológica que pode desenvolver mudanças positivas nos sistemas de produção e proporcionar mudança social, aumentando a qualidade de vida das populações vulneráveis ​​na sua capacidade de reprodução social e econômica”, disse Vasques.

A barragem subterrânea é uma tecnologia de domínio público, e as ações de PD&I vêm sendo desenvolvidas desde a década de 1980, inicialmente pela Embrapa Semiárido, dando origem ao seu modelo atual com algumas inovações, a exemplo da utilização de lona plástica, em vez de pedras e cimento. A partir de 2007, a Embrapa Solos, por meio de sua Unidade de Execução de Pesquisa e Desenvolvimento (UEP) em Recife, iniciou o desenvolvimento de ações de PD&I com barragem subterrânea que são contribuídos com estratégias de mitigação e enfrentamento às mudanças climáticas na região .

Anderson Ramos de Oliveira, pesquisador da Embrapa Semiárido, ministrou palestra sobre as contribuições do seu centro de pesquisa para a convivência com a seca no Semiárido brasileiro, refletindo sobre as inúmeras soluções tecnológicas e inovações geradas ou adaptadas para a melhoria da qualidade de vida das famílias e para promover a sustentabilidade e a competitividade da agropecuária na região.

“No Semiárido brasileiro, os efeitos da escassez de chuva vêm sendo minimizados graças ao avanço das pesquisas realizadas há mais de 50 anos pela Embrapa e instituições parceiras. Entre as inúmeras tecnologias estão os sistemas de captação e manejo de água de chuva – como as cisternas rurais, barreiros e barragens subterrâneas, a agricultura biossalina, reuso das águas cinzas pela bioágua familiar, práticas de manejo para o aumento da umidade do solo e estratégias para conservação de forragens. Estas tecnologias podem ser perfeitamente reaplicadas nas comunidades rurais dos países do Corredor Seco, respeitando as condições ambientais locais e as vocações das famílias agrícolas“, Frisou Oliveira.

Santiago Vianna Cuadra, pesquisador da Embrapa Agricultura Digital, participou remotamente da reunião para falar da experiência da Embrapa no Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), mostrando as previsões de adaptação dessa ferramenta às condições dos países participantes e de realizar um trabalho-piloto de zoneamento de algumas atividades em municípios do Corredor Seco da América Central. O Zarc é um sistema de informação que prevê as épocas mais adequadas para semear culturas com baixo risco de perdas devido a eventos climáticos adversos, fornece ferramentas de gestão que antecipam eventos climáticos e ajudam a mitigar impactos negativos em sistemas agroalimentares e nos mercados de commodities e alimentos.

“Diversos países da América Latina, Caribe e África não têm capacidade técnica exigida para quantificar e mitigar os riscos do clima na produção. Com o agravamento da crise climática em curso, esses países não conseguiram de forma eficaz quantificar e mitigar os riscos climáticos. Nesse contexto, a Embrapa tem apoiado alguns países, por meio da FAO e da ABC/MRE, na investigação metodológica e potenciais aplicações de estudos de quantificação dos riscos climáticos, notadamente baseados no Zarc. convênio com a FAO, podemos ampliar nosso apoio a esses países”, disse Cuadra.

Henoque Ribeiro da Silva, pesquisador da Arin, coordena a governança do processo de relacionamento institucional no âmbito do projeto. Ele explicou que a reunião em Honduras teve como metas avaliar junto às contrapartes envolvidas na cooperação os avanços, desafios e soluções mudanças e os ajustes necessários para atingir os objetivos do projeto, bem como ampliar conhecimentos em Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) e gestão de recursos hídricos entre os participantes.

O projeto

O projeto “Inovação para a redução de riscos agroambientais nos países do Corredor Seco da América Central: Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) e Gestão de Recursos Hídricos” é uma ação do projeto “Iniciativa América Latina e o Caribe sem Fome 2025”, do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO. É executado pela FAO, com apoio financeiro da Agência Brasileira de Cooperação, em conjunto em conjunto com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Alimentação e Ministério do Meio Ambiente e Recursos Naturais da Guatemala; Ministério da Agricultura e Pecuária de El Salvador; Secretaria de Agricultura e Pecuária de Honduras e Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil. Conta, ainda, com a cooperação técnica da Embrapa e da Associação Brasileira dos Órgãos Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural, Pesquisa Agropecuária e Regularização Fundiária (Asbraer).

“O projeto sobre Zarc e gestão de recursos hídricos tem vigência de 18 meses e será desenvolvido a partir de uma perspectiva sub-regional, irá melhorar as capacidades institucionais de tomada de decisão relacionadas com os sistemas produtivos do Corredor Seco da América Central em três países : Guatemala, El Salvador e Honduras, em áreas de agricultura familiar e em desenvolvimento rural”, declarou Ronaldo Ferraz, da FAO Brasil, coordenador da Iniciativa América Latina e Caribe sem Fome 2025.

Composto por sete países da América Central, o Corredor Seco abriga cerca de 10,5 milhões de pessoas, a maioria na Nicarágua, Honduras, El Salvador e Guatemala. Mais de dois milhões de famílias vivem da agricultura dependente da chuva nessa região e estão em constante risco de insegurança alimentar, vivendo abaixo da linha da pobreza, em virtude dos danos da seca agravados pelas mudanças climáticas globais.

Os pesquisadores explicam que, no âmbito da cooperação técnica com os países do Corredor Seco da América Latina, a Embrapa contribuirá com sua experiência em estratégias de planejamento agrícola em áreas dependentes de chuvas, por meio do Sistema de Informação Zarc e da gestão dos recursos hídricos , terá a oportunidade de intercambiar conhecimentos com técnicos e comunidades rurais dos países participantes.

Fonte: Embrapa Foto: Divulgação