Com festa contida, mercado livre de energia rompe a barreira das 30 mil unidades consumidoras
Apesar da marca registrada, comemoração do setor é reservada na medida em que apenas 0,03% dos consumidores são livres para escolher o fornecedor de energia. Atraso em dar liberdade ao consumidor de energia no Brasil, realidade em 36 países, se aproxima de 20 anos
O mês é de festa para o mercado livre de energia, mas não vai ter bolo. Exatamente dois anos depois de ter rompido a barreira de 20 mil unidades consumidoras como clientes, o mercado atingiu em setembro deste ano 30.086 unidades consumidoras, das quais 4.408 migraram do ambiente regulado para o livre nos últimos 12 meses. No entanto, proporcionalmente, apenas 0,03% dos 89 milhões de consumidores brasileiros de energia são livres. A principal razão é o atraso no processo histórico de conceder liberdade de escolha ao consumidor, que já soma quase 20 anos de atraso.
Os dados fazem parte da mais recente edição do Boletim da Energia Livre, publicação da Abraceel que mostra o panorama mensal atualizado do mercado livre de energia no Brasil, elaborado com base nos indicadores mais recentes divulgados por diversas instituições e consultorias.
Em setembro de 2022 o mercado livre de energia comemorou um feito considerado histórico: a publicação de portaria concedendo o direito de escolher o fornecedor para todos os consumidores de alta e média tensão a partir de janeiro de 2024, um contingente calculado em 106 mil consumidores. A medida é vista como um impulso para a expansão do setor, mesmo que um terço deste contingente já tenha instalado sistemas de geração distribuída.
Mas a atenção segue direcionada para a abertura do mercado de energia em baixa tensão, dando a consumidores de diversas categorias, inclusive residenciais e pequenos negócios, o direito de escolher o fornecedor em busca de preços mais baixos e serviços mais aderentes às necessidades de cada um.
Essa autorização para escolher o fornecedor de energia pode ocorrer por dois caminhos. No âmbito do governo federal, há consulta pública (137/2022) realizada pelo Ministério de Minas e Energia para estabelecer um cronograma com os prazos para a abertura completa do mercado. No Congresso Nacional, há dois projetos de lei – PL 414/2021 e PL 1.917/2015 – que tratam o tema.
Outros destaques do mês:
– Mercado livre negocia mais de 145 mil MW médios de energia em outubro, recorde histórico;
– Índice de liquidez, indicador que mostra a rotatividade da energia e serve de parâmetro para o nível de confiança nas transações entre agentes, atingiu 5,8 em setembro, patamar mais elevado em 10 anos;
– O custo da energia, um dos componentes da tarifa elétrica, foi de R$ 278/MWh no mercado regulado e de R$ 146/MWh do mercado livre, uma diferença de 48%.
– Mercado livre atende 88% do consumo de energia elétrica das indústrias brasileiras, transformando-se em vetor de competitividade para esse segmento produtivo;
– O mercado livre se consolida como indutor das energias renováveis, absorvendo 74% da energia gerada por usinas a biomassa, 62% por PCH, 47% por eólicas e 52% por solares centralizadas.
– Com isso, o mercado livre absorveu 54% da geração de energia consolidada de fontes renováveis incentivadas (eólica, solar, PCH e biomassa).
Fonte: Assessoria