Será mesmo que ele existiu até aos 23 anos?
Da Redação
Uma foto intrigante de um homem com um rosto na parte de trás da cabeça ressurgiu nas redes sociais despertando a incredulidade de muita gente. Mas o caso, de acordo com registros históricos, é real.
O rapaz foi identificado como sendo Edward Mordrake e seu episódio teria sido um dos mais assustadores da história médica. Segundo narrativas em arquivos oficiais e sites de pesquisa acessados para elaboração desta matéria, Edward era herdeiro de uma casa nobre na Inglaterra, no século XIX e tinha tudo para ter uma vida feliz se não fosse o fato de ter nascido com a bizarra anomalia, que é chamada de policefalia. O jovem acabou se suicidando aos 23 anos, pois, de acordo com seus relatos, a segunda face sussurrava “coisas que alguém só falaria no inferno”. Além disso, ela faria piadas quando Edward estava feliz e ficava sorridente quando ele chorava.
Mordake teria implorado aos médicos que removessem sua “face demoníaca”, mas nenhum deles aceitou fazer o arriscado procedimento. O rapaz, que viveria isolado, teria deixado um bilhete para seus familiares no qual suplicava que o segundo rosto fosse retirado e destruído antes de seu enterro para que não o incomodasse durante a eternidade.
Isso porque ele teria afirmado que os sussurros se intensificavam à noite, prejudicando muito seu descanso e qualidade de vida, além do tormento em si.
O que leva muitas pessoas a não acreditarem é o fato da primeira descrição de Edward Mordake ter sido feita num artigo publicado no jornal Boston Post, em 1895, pelo autor de ficção Charles Lotin Hildreth, que garantiu ter encontrado o caso em relatórios da Royal Scientific Society, uma sociedade cuja existência antes de 1970 não foi comprovada.
Entretanto, na enciclopédia médica Anomalias e Curiosidades da Medicina, de 1896, George M. Gould e Walter L. Pyle reuniram os casos mais estranhos da medicina, citando a história de Mordake: “Sua figura era notável por sua graça, e seu rosto — isto é, seu rosto natural — era de beleza grega. Porém, na parte de trás da cabeça havia outro rosto, a de uma linda garota, adorável como um sonho, medonho como um demônio”, descreveram no documento.
EXPLICAÇÃO CIENTIFICA
A anormalidade Edward Mordake poderia ser explicada por uma condição médica extremamente rara, denominada de Craniopagus parasiticus, que ocorre entre 4 a 6 nascimentos em cada dez milhões. Ela acontece quando a cabeça de um gêmeo sem corpo desenvolvido fica unida à cabeça de um gêmeo dominante, com corpo desenvolvido.
A maioria dos bebês com essa condição, entretanto, morre antes do nascimento ou durante o trabalho de parto. Somente dez casos foram registrados na literatura médica, com apenas quatro sobreviventes.
FOTO FALSA
Um dos elementos que tornam o caso suspeito quanto a sua veracidade e que, em ocorrências de Craniopagus parasiticus, a face do gêmeo não dominante não demonstra sinais de inteligência, ao contrário da segunda face de Edward, que seria capaz de rir, sorrir e sussurrar. Essas manifestações também podem ter sido um problema psicológico desenvolvido pelo rapaz.
Uma coisa é certa: há evidências de que Edward Mordake realmente existiu, assim como contestações dessa história pendem para o contrário disso. A foto que é divulgada como sendo dele, com certeza, não é real. Ela teria sido usada ao longo dos anos apenas como exemplo de como o homem seria. Ou seja: a foto mais famosa atribuída a Mordake em vários ângulos mostra, na verdade, uma das diversas estátuas de cera construídas para ilustrar como deveria ser a sua aparência.
Nos registros também não consta a forma com o rapaz tirou sua própria vida.
Fotos: Arquivo publico